segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

ENTREVISTAMOS MARIÂNGELA VALVIESSE

Ela
Nesta manhã estivemos reunidos, no bairro do Mutuá, com a vice-prefeita Mariângela Valviesse que nos contou um pouco de sua trajetória e do momento político gonçalense. Reafirmou a sua grande amizade pessoal e consideração ao prefeito Neilton Mulim, além da cordialidade política que marca a sua relação com o mandatário maior da cidade de São Gonçalo. A vice-prefeita enxerga a necessidade de profissionalizar as secretarias com quadro de pessoal qualificado e concursado.

Mariângela defendeu a mudança de comando na Fundação de Artes de São Gonçalo promovida pelo seu partido, o PSDB, e fez uma declaração que foge ao senso comum da política recente: "O governo do ex-prefeito Charles foi incompreendido". A entrevista foi concedida na casa do jornalista J. Sobrinho a quem o Jornal Daki deixa os seus votos de gratidão.

Por Helcio Albano e Darc Freitas

A pedagoga, psicóloga e agora vice-prefeita tucana Mariângela Valviesse, 49, tem ligação profunda com a cidade de São Gonçalo e sobretudo com o poder. Desde a adolescência engajada na política, frequentava as reuniões do lendário Grupo Lavoura onde ouvia e vivia os ensinamentos dos deputados Osmar Leitão e Josias Ávila e do falecido prefeito Hairson Monteiro. Era levada às reuniões pelas mãos de sua mãe: "Comecei a entender ali o funcionamento da política que naquele tempo era um pouco diferente. Havia mais envolvimento", recorda Mariângela.

Formada em Pedagogia pela Faculdade de Formação de Professores (FFP-UERJ), há 27 anos integra a rede de ensino público do município como servidora concursada. Foi através da Secretaria de Educação que começou a participar das ações de governo do então prefeito Henry Charles (2001-2003) como coordenadora do programa de ensino para jovens e adultos (EJA): "Vivemos um período rico sob a liderança do professor Helter Barcelos (na época secretário) que estruturou toda a secretaria. O prefeito Charles participava de nossas reuniões e dava todas as condições para que fizéssemos bem o nosso trabalho. Acredito que seu governo foi incompreendido numa época em que era muito difícil os repasses do governo federal", afirma.

Sobre as eleições do ano passado, quando concorreu a deputada federal obtendo pouco mais de 7 mil votos, a vice-prefeita diz não ter guardado nenhuma mágoa do processo, e muito menos do prefeito Neilton Mulin: "Tenho pelo prefeito carinho e admiração, assim como mantenho uma boa relação com todo o governo. O prefeito sempre teve, e isso não é segredo para ninguém, uma prioridade que era eleger o seu irmão Nivaldo. Esse era seu foco e todos entendemos isso", diz Valviesse que é categórica acerca das especulações que envolvem seu nome: "Ainda não pretendo sair candidata a vereadora".

Na semana passada a executiva do PSDB gonçalense tornou pública decisão de substituir o presidente da Fundação de Artes (FASG), Michel Portugal pelo ex-vereador e também integrante do partido José Antônio. Em entrevista exclusiva ao Jornal Daki, Portugal fez duras críticas à decisão tomada e disse ter sido pego de 'surpresa' pelos seus correligionários. Valviesse pondera: "Um partido deve tomar decisões para se fortalecer. A pauta da reunião é de conhecimento tanto do presidente quanto do secretário-geral, neste caso o próprio Michel e o Carlos Ney. Achamos por bem indicar o (ex) vereador José Antônio para somar, não subtrair, mantendo o Michel na pasta da Cultura e a garantia de continuidade de todos os projetos. José Antônio tem experiência na FASG, e isso foi levado em consideração. Todos devem ser fortalecidos dentro do partido", relata.

Valviesse defende que o governo invista fortemente na profissionalização da burocracia administrativa, pela formação continuada dos servidores, a fim de resolver o problema crônico de São Gonçalo em não aproveitar recursos do governo federal devido a ausência de projetos: "Temos uma cultura dos cargos comissionados em detrimento dos funcionários concursados que naturalmente têm mais apego às sua funções. Essas pessoas devem ser preparadas cada uma em suas áreas tanto para saber elaborar um projeto como para executá-los. Eu tenho uma bandeira que é priorizar o concurso, acabar com essa cultura do comissionado que só estrangula o município e que todo prefeito se sente refém, seja qual for. Indicação política deve ser apenas para o primeiro e segundo escalões, na base, os funcionários devem ser concursados", defende.

Dentro da cultura política brasileira só nos damos conta do vice na ausência do titular. Sobre isso Mariângela reflete: "Ser vice é sempre difícil. É um caminho árduo. A gente não tem cargo, é uma expectativa de cargo. Só assumimos algum cargo se for da vontade do prefeito ou se, claro, na sua ausência. Temos que ter uma postura austera", confessa Mariângela. E encerra: "O governo está em um processo. Tudo que o Neilton e nós propusemos foi com a ideia de melhorar. Nenhum político tem a intenção de se enforcar. Sou governo e quero o melhor para o governo".  




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