Por Helcio Albano
Nos anos 1960 surgiu um desenho animado embalado pelas pirações alucinógenas próprias da contracultura que marcou a época: A Pantera Cor de Rosa, quem não conhece? As aventuras do felino magrelo e desajeitado, meio nonsense, eram acompanhadas pela indefectível obra de Henry Mancini: Parãm-Parãm... Parãm-Parãm... Ora, quem também não conhece?
Pois bem, na aurora do ano de nosso senhor de 2015 um gerente de vendas resolveu fazer uma intervenção artística num dos maiores monumentos ao ar livre de São Gonçalo, mais precisamente um tanque de guerra que compõe a coleção de armas em homenagem aos nossos pracinhas que lutaram na Itália contra o nazi-fascismo na segunda grande guerra.
O gerente de vendas em questão, Fabiano Vieira Barreto, 38 anos, e estudante de Ciências Sociais na UFF, relatou através da imprensa que o seu ato teve um caráter político a fim de exibir um gesto de cidadania para chamar a atenção das pessoas. E chamou mesmo. A cor rosa em si já carregada de simbolismo ornamentando um tanque de guerra deve ter dado um nó na cabeça de muita gente que só Freud explica.
Muitos se anteciparam condenando o ato do rapaz com aquele blablablá moralista e legalista de sempre, outros viram no tanque cor de rosa uma janela para além do senso comum, já que aquele lugar permanentemente degradado pela primeira vez teve a atenção devida da sociedade e do poder público. Diga-se que o patrimônio em questão já estava degradado há anos.
Fabiano, sem querer querendo, levantou a bola para o que temos na cidade e como lidamos com o nosso patrimônio. Ou o que foi feito na praça Chico Mendes, patrocinado pelo poder público, não foi um ato de violência contra o patrimônio coletivo? O gesto do nosso artista ocasional foi muito importante para refletirmos sobre isso.
E uma curiosidade ordinária: a lata de tinta rosa do Fabiano custou R$ 100. Já as duas latas de tinta verde (nada a ver com a cor original) da prefeitura custaram R$ 280...
Com vocês a pantera que quer tudo rosa...
Atualizado em 04/01 às 10:19.
Muito boa!
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