Protestando |
Por Darc Freitas
Sábado passado, ao ler a notícia sobre o aumento das passagens em São Paulo em quase 15% e já tendo tomado conhecimento dos reajustes polpudos aos moradores do topo de nossa pirâmide social tupiniquim, lembrei-me das passeatas de junho....Àquelas que colocaram quase 1 milhão de pessoas na Avenida Presidente Vargas, uma ode à democracia, um desfile de civilidade, de cidadãos cobrando que seus delegados os ouvissem de dentro das redomas onde se encastelaram e corporativamente envolvem suas castas mais próximas e se protegem mutuamente, distanciando-se cada vez mais daqueles a quem representam.
Infelizmente não fomos ouvidos e pior, fomos rechaçados e empurrados de volta para dentro de nossas casas pela violência oficial e oficiosa, nós que queremos mudar pacificamente não podemos mais ir às ruas...Mas se não podemos, como fazer para gritar a nossa imensa insatisfação? Quem sabe derramando mais sangue...Existiria revolução pacífica? Sem guerras e sem luta? Jesus Cristo afirmava que sim...Mahatma Ghandi mostrou que sim. E aí me ocorreu de fazermos uma Greve Geral, já ouvi tanto sobre um evento desse tipo, onde diziam: “Vamos parar o País!”...E isso, de fato nunca aconteceu de verdade, a grande Imprensa minimizando, os Sindicatos aumentando e a conclusão é a velha máxima de que em casa que não tem pão, todo o mundo briga e ninguém tem razão.
Resolvi propor uma Greve Geral, mas não nos padrões convencionais...Uma greve pacífica, como pacífica? Iríamos tacar os cassetetes ou clavas na cabeça dos baderneiros que certamente apareceriam? Ou jogar pedras e xingar os que por acaso se acharem no direito de não fazer a greve? Aqueles que acham que assim como os grevistas tem direito à greve, eles tem o direito de trabalhar, de não fazer greve, e não estão errados, direito é direito...
Mas a nossa greve seria diferente...lindamente pacífica, pois primeiro nos prepararíamos para uma guerra, não literalmente, mas sim enchendo nossas prateleiras de víveres, mantimentos para um mês de férias voluntárias e numa segunda-feira dessas acordaríamos todos e não sairíamos de casa...e não adiantaria sair, pois os motoristas de ônibus, táxis, trens, metrôs, etc, também estariam em casa...e não adiantaria ir aos mercados e lojas, pois os trabalhadores dos mercados e lojas também teriam dormido até mais tarde e estariam assistindo a um DVD ou Blue Ray, porque as TVs, Rádios e Jornais estariam fora do ar...
E então eu gozaria a minha Greve Geral, dentro da minha casa, brincando com a minha filha e aguardando que a turma do topo da pirâmide tentasse entender que não adiantaria colocar nas ruas sua força opressora, aos baderneiros sobrariam as pobres lixeiras a serem incendiadas novamente e aos empresários buscar a negociação ou perder seus instrumentos de exploração da mão-de-obra...No primeiro dia, ninguém perderia seu emprego, seria apenas uma falta...Mas se a adesão fosse maciça da grande massa, o segundo dia seria para começar a cantar vitória pela fórmula do sucesso do trabalhador...Sem partidos, Sem Sindicatos, Sem Sacerdotes, Sem Violência...Só o povo cantarolando embaixo do chuveiro sua liberdade!
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