Ele, André |
Por Darc Freitas e Helcio Albano
André Correia, ativista cultural e professor por vocação, como mesmo se define, tem 38 anos e há nove resolveu encarar o desafio de interferir na realidade de sua cidade, São Gonçalo. E para isso utiliza-se de diversas ferramentas de intervenção que invariavelmente passam pela arte, cultura e educação.
Hoje reforça o time do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Econômicas e Socias) no Projeto Indicadores da Cidadania, levantando pontos altos e baixos da cidade, tendo como objetivo fazer um mapeamento social, cultural, econômico e de gestão do poder público.
André também participou de nossa seção entreface, já publicado em nossa página no facebook. Mas seria um pecado e um desperdício não publicar na íntegra as suas respostar acerca do que pensa sobre o município. Então vamos lá.
Jornal Daki
Quando e como começou seu envolvimento/ativismo social e cultural com São Gonçalo?
André CorreiaNo ano de 2005 entrei na universidade para cursar licenciatura plena em história. E foi dentro da Faculdade que criamos o Projeto Alternativo. Uma iniciativa tímida que envolvia pesquisa e eventos culturais que ao longo dos anos se consolidou como um grupo de ação pela cultura. Não foi programado, a demanda público e a necessidade da Formação de Plateia nos levou à prática e foi tudo muito intenso. Após o término do curso trouxemos o projeto para a cidade e passamos a nos envolver com o ativismo no setor cultural enquanto política pública.
E de lá para cá se passaram 9 anos de atuação; saraus, peças teatrais, contação de histórias, oficinas, palestras, aulas, estudos e plenárias públicas. Sem perder de vista o foco educacional cultural, o grupo investiu na valorização da diversidade, tendo sempre como eixo a qualificação do jovem, cultura como setor de formação humana, a história e a memória da cidade. A ideia amadureceu com as dificuldades e cresceu os incentivos. No ano de 2015 o PROJETO se torna um PROGRAMA Contínuo que abrange ações na Política, na Comunicação, na Cultura, na Saúde e no Empreendedorismo gonçalense.
O que é o projeto indicadores da cidadania do IBASE?
Atualmente sou professor de História do Ensino Fundamental e Articulador Político do Instituto Brasileiro de Análise Econômicas, O IBASE. Atuo no Projeto Indicadores de Cidadania (INCID) que é um projeto voltado para organização da Sociedade Civil e se preocupa com a violação de direitos sociais, civis e políticos dentro dos 14 municípios que compreendem o COMPERJ.
O INCID desenvolveu aproximadamente 74 indicadores que revelam o olhar da sociedade sobre o governo, fortalezas e fraquezas municipais. Estamos na segunda fase do projeto e nossa missão é difundir estas informações e torná-las evidentes ao cidadão e aos movimentos sociais da cidade.
Em São Gonçalo o direto à Saúde foi apontado como principal fraqueza do município, pensando nisso, os movimentos sociais estão elaborando uma Rede de Cidadania Ativa onde o principal objetivo é dialogar com o sistema público na busca por melhoria na qualidade de vida e maior participação da sociedade diante as decisões do poder municipal.
O que falta à gestão cultural de São Gonçalo para avançar na área? O que você sugeriria?
É bom começar pelo que temos. Havia uma época que nem Secretaria de Cultura nós tínhamos e por isso tenho esta conquista como grande marco do movimento ativista. São Gonçalo Não tem nada, diriam os pessimistas. São Gonçalo é a cidade da arte, diriam os sonhadores. Vamos mudar o mundo, diriam os utópicos da cultura.
A cidade é carente de Leis que contemplem o setor cultural e de orçamento que comporte as demandas da suposta categoria. Certamente o desenvolvimento do Plano Municipal de Cultura seria a sugestão inicial para a formulação e o aquecimento de um mercado de trabalho. Mas não é o primordial e nem o salvador da pátria.
E o que nos falta? Seria fácil demais citar nossas necessidades e derramar um rio de crítica aos gestores que entendem a cultura apenas enquanto ENTRETENIMENTO e FESTIVIDADES. Este é um comportamento Cultural e que a própria história levará certo tempo para explicar. Pensar o setor cultural enquanto processo de formação de cidadania ativa e educacional, é uma concepção de política pública pós-contemporânea e não há moderno que compreenda isto diante dos interesses partidários.
O que nós precisamos é de outro olhar sobre a forma de pensar cultura na cidade e para isso precisamos de outros gestores. É como diria os antigos: não se põe vinho novo em recipiente de couro velho. É preciso sair da caixinha para se viver dias melhores. É preciso reinventar o setor cultural e superar o mapa da discórdia estabelecido pela politização das práticas, pela eutanásia da técnica e pelo empobrecimento do discurso.
ARTE É EDUCAÇÃO
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