Tardock, Wölbert e Wilson Tafulhar: conhecimento |
Não faz muito tempo, a vida cultural de São Gonçalo era um enorme Saara de idéias. Não porque necessariamente uma cidade deste tamanho não produzia cultura, arte e conhecimento, simplesmente não tinha por onde escoar o que era produzido. Isso mudou com o advento e popularização da internet.
Hoje, dezenas de blogs de iniciativas pessoais ou de produção coletiva de escritores e pesquisadores habitam a rede de computadores levando informação e curiosidades sobre São Gonçalo. É o caso da página Tafulhar, criada e administrada pelo sociólogo Wilson Vasconcelos. Lá o leitor tem acesso a dados estatísticos e passagens históricas sobre a cidade de autoria do próprio Vasconcelos ou de seus colaboradores fixos, como o historiador Luciano Tardock, coordenador do projeto Memória de São Gonçalo, que o internauta também encontra na rede.
E quem disse que apenas pesquisadores e historiadores por formação escrevem sobre São Gonçalo? Na rede vários autores com profissões distintas se aventuram no nobre ofício de produzir conhecimento para o gonçalense ávido por se pertencer à cidade, nem que não seja um gonçalense nato. Alex Wölbert é um desses casos.
Nascido e criado na Penha, e formado em tecnologia da informação, Wölbert desde 2003 mergulhou na história de São Gonçalo como forma de adaptação à sua nova cidade que escolheu como morada. “O convívio com as pessoas que verdadeiramente amam a cidade me estimulou a conhecê-la e posteriormente escrever crônicas tendo como pano de fundo a sua história”, explica Wölbert.
Para o também blogueiro e editor do Jornal Daki, Helcio Albano, o surgimento dos blogs culturais demonstram um reordenamento da produção intelectual em São Gonçalo: “A cidade sofreu muito com o esvaziamento de suas melhores cabeças num passado recente. Por vários motivos, hoje a cidade consegue retê-las. E isso faz um bem enorme, sobretudo para a nossa autoestima”, encerra.
ENTREVISTA COM WILSON TAFULHAR
Jornal Daki
A ideia de criar o Tafulhar partiu de uma motivação específica?
Wilson TafulharA ideia de criar o Tafulhar partiu de uma curiosidade sobre a cidade. Por muito tempo eu passava pelo território e não o conhecia. Comecei a pesquisar sobre a população, suas histórias e seus personagens. Fiquei fascinado com o resultado das minhas pesquisas as quais achei bastante complicado encontrá-las com facilidade na internet e então decidi publicizá-las. O resultado foi bastante satisfatório, pois comecei a conhecer pessoas interessadas em falar sobre a cidade além de tê-los como amigos.
Como tem sido a repercussão de seu blog, poderia narrar um fato?
O Blog Tafulhar tem um público bem variado, desde pessoas que visitam o blog em busca de uma matéria específica para compor um trabalho escolar a historias sobre seu bairro de origem.
Um fato curioso foi quando me ligou um dono de uma farmácia que ao procurar por estatísticas sobre São Gonçalo, na internet, encontrou o Tafulhar; gostou tanto das informações que me ligou. Queria saber mais informações sobre o comércio da sua região para investir com maior segurança dado que ele era morador de outra cidade.
Com relação ao acesso. Quando se tem uma regularidade de postagens o número de acessos giram em torno de 15 mil acessos/mês. Como ultimamente não estou tendo tempo para escrever o número cai bastante. Em torno de 3 mil acessos/mês.
São Gonçalo não tem um centro de produção histórica pra valer (a iniciativa da UERJ/FFP morreu na praia), ao que se deve isso?
No que tange a produção histórica, podemos dizer que houve alguns espasmos de produção e publicação de conhecimento sobre São Gonçalo na universidade muito em razão do investimento privado, contudo, a UERJ FFP nunca foi referência para produção histórica, pois o fim da instituição, em São Gonçalo, é voltado tão somente para licenciatura. Hoje, por exemplo, a Universo-SG produz e publica - conteúdo histórico sobre a cidade, vide o livro sobre o Lavoura - mais e com maior qualidade de conteúdo que a UERJ-FFP.
Todavia, quero ressaltar os esforços dos pesquisadores da UERJ em parceria com a instituição militar em criar o Centro de Memória da Imigração da Ilha das Flores. É um lugar fantástico! Digno de nota.
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